quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Um novo passo

ha coisas que nao controlamos...o tempo...a natureza...alguns acontecimentos da nossa vida...as pessoas que passam a significar alguma coisa para nós...para os que me conhecem um pouco melhor sabem do meu gosto pela literatura. os que me conhecem ainda melhor sabem o meu imenso gosto pela escrita. nao...nao tenho pretensões a ser nenhuma dostoiesvzky....esse so ha mm um...normalmente nao mostro o que escrevo...timidez absoluta. medo de nao ser apreciada...nem sei. sei que nunca ninguem leu tudo o que escrevi. uns leram umas coisas...outros outras. apenas eu sei as historias todas. algumas nunca foram acabadas. outras estao completas e guardadas a sete chaves. hj uma pessoa que se esta a tornar uma verdadeira amiga fez me um pedido mt simples. colocar aqui neste meu blog o inicio da minha ultima criaçao. confesso que nao me sinto à vontade com isso. mas nao tenho por habito recusar desafios nem pedidos de amigos. nesta altura em que tudo custa mt e que as forças sao poucas fica um passo para algo diferente. deixo vos as primeiras paginas da minha ultima obra ainda sem nome. qdo estará acabada...na minha cabeça ja esta. no papel...logo se verá. até la aceito críticas.

Obrigada Paula Dias...esta é só para ti.

"Encontro-me aqui e pergunto porquê. Ao olhar para este buraco cavado numa terra que não conheço pergunto porque é que não respeitam os desejos das pessoas. Quem são estas pessoas? Quem é que chora lá atrás que nem sequer conheço? Quem são estas pessoas? Quem são vocês? Porque é que estão aqui? Quem é que vos convidou? Eu não vos conheço! Não sei quem são….mas que aflição! Porque é que choram? Não chorem…eu estou aqui! Parem de chorar! Já disse. PAREM DE CHORAR!!! Mas porque é que não me ouvem…espera…porque é que está ali a minha mãe de luto…o meu pai…o meu irmão…o meu namorado…até a Ana veio…mas o que se passa…? Porque toda a gente fala de mim como se eu tivesse morrido…eu estou aqui. Não me vêem…não me ouvem…oh não…morri….mas como?! Não me lembro de nada. Mas o que se passa aqui?...mas porque é que ninguém me avisou que morri? Não devia de haver um serviço qualquer para me notificar que morri?!....sei lá, uma comissão de boas vindas, um portageiro qualquer ou uma simples mensagem a dizer, olá minha menina, acabou de morrer….temos pena. E agora o que faço?...esta história do céu e do inferno nunca foram muito claras na minha cabeça. Nem sei se acredito. Para onde vou? Há algum transporte para onde quer que seja? Vem alguém buscar-me ou a coisa da luz e temos de caminhar para ela sempre se verifica…mas que raio…não há manual de instruções?!
Tanta gente no meu funeral…mas espera lá. Eu sempre disse que não queria ser enterrada! Mas porque é que não respeitam os desejos das pessoas! Uma vida inteira a dizer que queria ser cremada e que não queria cerimónias religiosas nenhumas e pumbas….serviço completo….com direito a padre, enterro, lutos pesadíssimos e beatas da terra e tudo…mas porquê!?...que chatice de morte…
Mas afinal como é que morri? Será que ninguém me vai explicar e eu também não me vou lembrar? Será que é mesmo assim?...tanta pergunta e tão pouca resposta.
Espera lá. Vamos deixar acabar o funeral. Assim terei sossego para pensar e ver o que faço a seguir…Mas veio mesmo tanta gente…sempre pensei que quando morresse não viesse ninguém. Ou pelo menos nunca tanta gente. Coisa estranha. Será que todos os mortos assistem ao próprio funeral? Devem de se passar com o que vêem. Eheh. Não deixa de ter a sua ironia no meio disto tudo.
Ali está o Marco. Como gosto daquele homem. Está inconsolável…Marco estou aqui!! Não chores meu lindo…não me ouve…que desespero. Alguém que o console por favor…não suporto vê-lo assim. Mas não posso sair daqui. Não pode ser enquanto não perceber o que se passou comigo.
O funeral acabou. A multidão finalmente dispersa e regressa às suas vidas. Toda a gente se vai embora menos o Marco. Não o conseguem arrancar de lá. Marco vai te embora por favor. Não consigo pensar contigo aqui dessa maneira. Eu já vou ter contigo a casa…vai descansar por favor. Não te preocupes que eu estou bem…só morri, nada mais. Mas estou aqui contigo, e tu sabes disso. Será que se fizer muita força e me concentrar muito ele percebe?....nada…por muito que me esforce ele não entende.
Finalmente vai se embora…lá o conseguiram empurrar daqui para fora. Agora já me posso sentar aqui neste banquinho e por as ideias em ordem. Tenho de perceber o que se passou comigo. Não posso apanhar o transporte para onde quer que seja sem perceber como é que morri. Afinal eu nem estava doente! Também não me lembro de me ter suicidado….eu era feliz, não tinha grandes motivos para me matar.
Calma. Vamos lá pensar com calma. De que é que me lembro que fiz da ultima vez? A última coisa que me lembro foi de ir de férias. Junho. Decidi ir de férias sozinha porque me tinha chateado com o Marco por causa da maldita questão dos filhos. Ele quer…eu não…a velha história. Isto dura há 5 anos. Desde que nos conhecemos. Eu adoro crianças, mas as dos outros. Assim tenho o privilegio de devolver à precedência quando é altura de mudar a fralda ou quando começam a chorar desalmadamente…prefiro ser a tia porreira que dá presentes “muita” giros e que os leva para a discoteca quando chega a altura de desgraçar as crianças na noite. Tê-los nunca esteve nos planos. Sempre choquei por isso…quando tinha 18 anos e dizia isso na presença de adultos a resposta era sempre a mesma, “isso são parvoíces da juventude. Quanto cresceres mudas de ideias.”. Aos 22 anos continuava a dizer o mesmo e passaram a dizer-me “deixa chegar aos 25 anos e assentares ideias que logo mudas isso”. Os 25 passaram e as ideias ficaram as mesmas. Quando cheguei aos 30 anos e já estava junta com o Marco e continuava na mesma, começaram-se a franzir as testas e a levantar as sobrancelhas…a família hiper-conservadora dele não suportava a ideia de que o filho varão da família pseudo-aristocrata não continuasse a linhagem da família por causa de uma doida devassa que embirrou que não faria o seu papel. Da parte da minha família, sempre houve o desejo secreto que eu mudasse de ideias. Mas o clima de silêncio desaprovador sempre disse tudo.
A discussão de Junho foi mais uma vez por causa disso. A Ana está grávida de um tonto qualquer com quem se enrolou há uns tempos. Sabíamos perfeitamente que um dia isso ia acontecer. Na sua vida aquela mulher já teve mais homens do que eu tive cuecas…todos foram amados perdidamente por ela…segundo o que ela diz claro. Acho que sinceramente nunca amou nenhum. É impossível amar alguém quando não nos amamos a nós próprios. O anúncio da Dove é que diz tudo, se não gostar de mim quem gostará…Desde que a conheço sempre foi assim. Perde-se de amores por um João qualquer para descobrir depois que o rapaz só queria sexo, ou simplesmente só queria umas borlas no restaurante que ela tem…depois deprime, fica muito mal uns tempos (leia-se dias) e volta a apaixonar-se perdidamente pelo próximo que for atencioso e lhe der uns elogios bem metidos. Por muito que tente quebrar este ciclo nunca fui capaz. Agora desta vez excedeu-se.
Recordo-me perfeitamente da fatídica noite. Estava a dormir profundamente em casa. O Marco tinha saído com uns amigos e eu não me apetecia. Temos…ou melhor…tínhamos aquela política dos casais modernos de termos noites com os amigos e não levar os namorados atrás tipo cola que não despega. Essa tinha sido uma das noites e eu tinha escolhido ficar em casa a disfrutar do sofá e da televisão. Entretanto e depois de adormecer umas mil vezes a ver um filme já visto, lá fui para a cama. Acordei em sobressalto com a campainha da porta. Entre o furiosa e o aparvalhada lá desci as escadas e fui o caminho a pensar, “aquele sacana vai ouvir das boas…todas as vezes que ele sai pergunto se leva chaves, para depois não me acordar, diz-me sempre que sim e depois é sempre este filme. Lá tenho eu que me levantar porque o menino se esqueceu das chaves ou perdeu as ditas cujas….qualquer dia fica na rua…” e neste tom resmungão abri a porta, pronta para lhe dar um valente raspanete e fugir para a cama que chamava por mim incessantemente. Afinal era quinta-feira e no dia seguinte alguém tinha de ir trabalhar cedo…quando me preparava para começar a falar vejo a cara da Ana. Que raio! O que faz esta doida aqui a esta hora!
“Amiga, nem sonhas o que me aconteceu!” Era sempre assim que ela começava as histórias mirabolantes dela. Depois de me refazer do susto de a ver ali e de olhar para o relógio para me aperceber que era quase de madrugada e que o Marco ainda não tinha chegado, levei a Ana para dentro se sentamo-nos no sofá…entre bocejos meus e muito esfreganço nos olhos, lá fui acordando e comecei a ouvir mais uma história. Chega a uma altura que já parecem todas iguais, mas esta era diferente. “amiga estava a fechar o restaurante quando me apercebo que uma das mesas ainda tinha clientes…e que clientes! Dois homens lindos de morrer, holandeses, empresários, daqueles todos jeitosos com o cabelo com gel…daqueles que eu adoro…hihiihhihihi…queriam mais um garrafa de vinho. Ora nunca recuso dinheiro em caixa por isso mandei os empregados embora, fechei a porta e lá servi a garrafa aos holandeses. Passado uns minutos convidaram-me para me juntar a eles. Não consegui recusar…seria até má educação fazê-lo, não achas? Bem, conversa puxa conversa e quando dei por mim estava na disco do costume a dançar com um deles…do outro perdi o rumo. Depois disso…bem tu já imaginas a história…”
Nada disto era novidade. Já tinha visto este filme milhões de vezes. “O problema vem agora amiga. Fiz uma asneira enorme! Com a pressa esquecemo-nos do preservativo. O que é que eu faço!?”
Caiu-me tudo. Como é que uma mulher actual, diferenciada, inteligente e vivida, com tantos amigos que já faleceram infectados com o VIH faz uma palermice destas! Passei-me. Depois de 30 segundos sem reacção mandei-lhe um berro que deve ter acordado a vizinhança toda. Mas tu és doida mulher! Tu sabes lá quem era o homem ou com quem andou enrolado antes!!! Que estupidez monstra! E agora!?...Depois percebi porque é que aquela criatura estava ali espetada à minha frente. Queria que eu arranjasse maneira de ser testada logo para tudo e mais alguma coisa. Que de alguma maneira fizesse o milagre de a descansar imediatamente. Eu tinha a ingrata tarefa de lhe dizer que as coisas não funcionam assim. Que ela teria de esperar. Só muito mais tarde me apercebi que o meu erro foi maior que o dela.
Desde miúdas que tomávamos a pílula. Partilhávamos ginecologistas, por isso sempre soubemos desses assuntos uma da outra…coisas de adolescentes. Nunca me passou pela cabeça naquela noite perguntar-lhe se estava a tomar a pílula. Mesmo que lhe tivesse perguntado teria dito que sim. Naquela cabeça de pássaro, falhar tomas ou aldrabar aquilo tudo não fazia mal nenhum…desde que no fim da caixa desse conta certa. Mal sabia ela da asneira que tinha feito. Só começamos a perceber umas semanas depois quando o período não apareceu. O teste fez o resto. E de repente era madrinha de uma criança que ainda não tinha nascido. No meio daquilo tudo ficamos sem saber o nome do pai. Quem era o que fazia…nada…apenas o nome próprio e nem sabemos se era o verdadeiro, de um holandês lindo que levou a Ana às nuvens e quando desceu trouxe um presente mais ou menos envenenado.
Foi depois de se saber e confirmar a gravidez da Ana que se começou a fechar o cerco sobre mim. Toda a gente aproveitou a deixa para opinar sobre a minha vida e sobre a minha decisão. Até o Marco que parecia conformado com a história pareceu ganhar novo fôlego no assunto. Começaram as discussões e pressões. Claro que teimosa como sou quanto mais me impingem um produto menos o quero. Isto não era excepção.
Recordo-me perfeitamente que foi no dia em que a Ana foi fazer a ecografia para saber o sexo da criança que tudo rebentou. Acompanhei-a nesse momento como sempre a acompanhei em todos os grandes momentos da sua vida. Ela não tem família próximo e a que tem longe também não se interessa nada por ela e pelas suas loucuras. Então acolhemo-la como se fosse da nossa família. Sem família presente e sem pai da criança tornei-me eu em tudo isso.
Nessa noite quando cheguei a casa do meu turno dei a boa notícia ao Marco. Era um rapaz. Estava tudo bem com a mãe e com o futuro Mário. O que foi uma alegria enorme dos dois passou a ser uma discussão como nunca tínhamos tido. Os pormenores nem vale a pena lembrar…sei que nessa noite eu dormi na cama e ele no sofá. No dia seguinte não trocámos palavras e na semana seguinte eu decidi tirar uns dias de férias e ir dar uma volta por aí. Ele não se opôs. Aliás, acho que intimamente até deve ter agradecido essa minha decisão. Precisávamos os dois de respirar e repensar algumas coisas ditas.
Não anunciei a ninguém que ia viajar. Deixei uma mensagem no voicemail da família a dizer que me ausentava mas nem mencionei local ou datas de partida e/ou chegada. Sempre fui assim. Nunca achei que tinha de dar satisfações a ninguém a partir do momento que fosse independente. Sempre levei as pessoas à loucura com esta minha independência desmedida e meio louca. Quantas vezes não pensavam eles que estava eu em casa descansada e eu por essa Europa fora de mochila às costas perdida algures numa montanha ou numa cidade longínqua."

sábado, 19 de dezembro de 2009

um pequeno balanço...

O ano foi longo...e dificil...

a tatuagem ja esta feita. 7 horas de tatuagem repartidas por 2 vezes completaram o sonho e a promessa. o nick esta imortalizado e a homenagem será eterna.

No meio da tatuagem, de imprevistos, da doença do meu pai, do jogo algo se perdeu...eu perdi-me...sinceramente nao sei se me encontrei mas consigo afirmar que algo mudou. eu mudei. as decisoes dificeis que tive de tomar este ano ficarão marcadas para sempre. este foi o ano em que disse ja chega. em que decidi ter coragem para fazer o que ja devia ter feito ha mt tempo. o ano em que cortei os laços. em que me desliguei. todas estas mudanças ainda estao em processo e espero sinceramente que continuem calmamente e sem mais sobressaltos. claramente esta altura do ano vai ser mt má dps do falecimento da minha avó faz agora um ano. nao desejo o natal nem sequer desejo sair do conforto do meu lar. mas as obrigaçoes familiares falam mais alto e lá teremos de ir ate ao norte ver a familia. espero sinceramente que sejam dias que passem rapido.

qto às perspectivas de futuro elas seguem em frente sempre a piscar o olho a novas oportunidades. em principio o emprego onde estou continua assegurado por mais uns tempos...mas o objectivo é sempre procurar melhor...

se nao postar mais desejo a todos um excelente natal e uma fantastica passagem de ano. a minha ainda continua por defenir.